Neste 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, os trabalhadores angolanos optaram por não realizar as tradicionais marchas e desfiles. Em vez disso, as três principais centrais sindicais do país
— União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILAe Força Sindical Angolana (FSA-CS
— decidiram transformar a data em um momento de reflexão e protesto silencioso, como forma de manifestar insatisfação diante da falta de respostas do governo às suas reivindicações.
Teixeira Cândido, porta-voz das centrais sindicais, afirmou que a decisão de não realizar manifestações públicas foi unânime entre as entidades.
A medida visa pressionar o governo a atender às demandas apresentadas no Caderno Reivindicativo entregue no ano anterior, que inclui propostas como o aumento do salário mínimo nacional para 245 mil kwanzas, posteriormente ajustado para 100 mil kwanzas durante as negociações, um reajuste de 250% nos salários da função pública e a redução de 10% no Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT).
As centrais sindicais também organizaram uma greve geral em três fases: a primeira ocorreu de 20 a 22 de março, a segunda de 22 a 30 de abril e a terceira está prevista para acontecer entre 3 e 14 de junho.
Durante essas paralisações, foram registrados casos de detenções e atos de coação contra os grevistas.
Além das questões salariais, os sindicatos denunciam práticas como despedimentos e transferências forçadas sem fundamentação legal, e criticam a falta de diálogo por parte do Executivo.
As centrais sindicais também exigem a revisão da Lei Geral do Trabalho, alegando que a legislação atual favorece os empregadores e contribui para a precarização das condições de trabalho.
Em diversas regiões do país, como Moxico, o 1º de Maio foi marcado por momentos de reflexão, sem os tradicionais desfiles. Líderes sindicais locais reforçaram a importância de manter a luta por melhores condições laborais e sociais para os trabalhadores angolanos.
A ausência de manifestações públicas neste 1º de Maio reflete a crescente insatisfação da classe trabalhadora angolana e evidencia a urgência de medidas concretas por parte do governo para atender às demandas dos trabalhadores.
Redação: Kuia Bue