O Governo da Venezuela anunciou, esta sexta-feira, que os Estados Unidos suspenderam de forma unilateral um voo que estava programado para transportar um grupo de venezuelanos deportados de volta ao país. A informação foi avançada pelo Ministério do Interior venezuelano, que classificou a suspensão como inesperada, uma vez que a operação já estava completamente organizada pelas autoridades de ambos os países.
Segundo Caracas, o voo fazia parte do mecanismo de repatriação acordado recentemente entre Washington e o governo venezuelano, destinado a regularizar o regresso de cidadãos em situação migratória irregular. A Venezuela afirma que não recebeu explicações formais por parte dos EUA, limitando-se a ser informada de que o voo previsto para o dia 12 não aconteceria.
A decisão ocorre num período de crescentes tensões diplomáticas entre os dois países. Nas últimas semanas, vários atritos marcaram a relação bilateral, incluindo acusações cruzadas sobre questões de segurança aérea e declarações políticas que impactaram diretamente os acordos de migração. Especialistas apontam que a suspensão do voo pode refletir divergências internas na política migratória norte-americana, que tem enfrentado forte pressão devido ao aumento do número de migrantes na fronteira.
O cancelamento também surge num contexto em que a situação aérea da Venezuela se encontra fragilizada. Diversas companhias internacionais cancelaram ou suspenderam voos para Caracas, depois de alertas de segurança emitidos pelos EUA, o que complicou ainda mais o transporte aéreo no país e elevou a sensibilidade em torno de operações especiais como os voos de deportação.
Apesar do incidente, o governo venezuelano garantiu que mantém disponibilidade para continuar a receber cidadãos deportados, desde que haja comunicação clara e coordenação técnica entre as autoridades aeronáuticas e migratórias dos dois países. No entanto, até ao momento, não foi anunciada uma nova data para a realização do voo suspenso, nem existe previsão sobre quando as operações poderão ser retomadas de forma regular.
A suspensão reacendeu o debate sobre o impacto das políticas de deportação norte-americanas nas comunidades migrantes venezuelanas, que continuam entre as mais numerosas a tentar entrar nos Estados Unidos em busca de melhores condições de vida
