Tradição, informação e música mantêm milhões de ouvintes ligados às ondas sonoras no continente
Mesmo em plena era dos smartphones, aplicativos e streaming, o rádio continua firme como um dos meios de comunicação mais populares na África. Dos grandes centros urbanos às vilas mais remotas, milhões de africanos sintonizam diariamente para ouvir notícias, músicas, programas religiosos e debates comunitários.
Segundo dados da União Africana de Radiodifusão, cerca de 80% da população africana ainda acessa o rádio regularmente, o que o torna o principal veículo de informação em diversos países. A explicação vai além da tradição: a cobertura radiofônica consegue chegar a regiões onde a internet é instável ou inexistente, garantindo acesso à informação mesmo nos lugares mais isolados.
“O rádio é a voz do povo aqui. É barato, acessível e nos mantém conectados ao que está acontecendo”, diz Awa Diop, professora em Dakar, no Senegal.
Além de notícias, o rádio é também sinônimo de entretenimento e cultura musical. Ritmos como afrobeats, soukous, benga e kwaito têm espaços garantidos na programação, impulsionando artistas locais e promovendo a diversidade cultural do continente.
Curiosamente, a rádio na África não ficou parada no tempo. Muitas emissoras agora possuem transmissões online, aplicativos próprios e interações via redes sociais, aproximando ainda mais locutores e ouvintes. O público jovem, especialmente, busca emissoras que misturam música, debates sobre temas sociais e notícias em tempo real.
Estudos de mercado indicam que marcas e anunciantes também estão atentos: investir em rádio continua sendo uma das estratégias mais eficazes para alcançar consumidores africanos de diferentes classes sociais.
No fim das contas, o rádio no continente africano se reinventa, mas preserva seu papel fundamental: ser companhia, ser informação e ser identidade cultural para milhões de pessoas.